Desporto

Por: David Sousa











Wiel Coerver: Um Génio do Futebol




Se pudéssemos fazer uma analogia entre o desporto e a cadeia alimentar, o futebol estaria certamente no topo dessa cadeia. É no planisfério o desporto mais praticado e popular. A beleza do jogo está estritamente relacionada com os intervenientes principais, os jogadores e a forma como tratam o esférico. Os pormenores que alguns jogadores apresentam em campo, ornamentam o jogo e só estão ao alcance de uma pequena franja, tendo em conta o vasto universo de jogadores, a chamada técnica. A discussão sobre este requisito muito apreciado no futebol é longa, será este um dote inato? Wiel Coerver acreditava que não e na década de setenta desenvolveu o que hoje conhecemos como Método de Coerver.
O técnico holandês treinou um vasto leque de clubes no seu país entre 1959 e 1977, Roda JC, Sparta Rotterdam, NEC e Feyenoord são alguns deles. Durante a sua passagem pelos vários clubes ficou reconhecido pelas virtudes do seu treino de tal forma que foi apelidado de "Einstein do Futebol”.
A patente de treino de Coerver resultou do seu estudo, observação e análise a jogadores dotados tecnicamente como Pelé, Garrincha, Rivelino, Puskás, Maradona, Cruijff e a sua eficácia permitiu tornar este método de treino técnico número um no Mundo. O seu objectivo é apurar a técnica individual e de pequenos grupos nas várias situações do jogo, na recepção, corrida, passe e drible. A estrutura é feita em pirâmide e composta por 6 níveis de aprendizagem e para que possa avançar para o seguinte o indivíduo deve dominar o antecedente.




Os seis níveis são:

Domínio de Bola – repetição de exercícios individuais de controlo de bola com os ambos os pés;

Recepção e Passe – perspectiva desenvolver o primeiro toque, incentiva e ensina a utilização de passes certeiros e criativos;

Movimentos 1vs1 – para desenvolver movimentos individuais e criar espaço no sistema defensivo oponente;

Velocidade – para desenvolver a aceleração, corrida com e sem bola e mudanças de ritmo;

Finalização – para melhorar a técnica de finalização e encorajar jogadas instintivas nas imediações da área adversária;

Ataque Colectivo – visa melhorar as combinações ofensivas em pequenos grupos com ênfase em ataques de ruptura rápida.




A técnica era considerada a arma primordial por Coerver, porque melhorava o jogo individual e colectivo e a maneira encontrada pelo holandês para incrementar o seu ideal de treino era através do mecanismo da repetição exaustiva dos exercícios e movimentos pretendidos, essa "mecanização" permitiria aos jogadores recorreram a essas formas de jogar de forma automática durante os jogos, mesmo que o adversário tentasse pressionar as suas acções. Este método foi aproveitado como base da formação holandesa e mais tarde copiado por clubes e federações estrangeiras. Actualmente sabe-se que escolas de renome internacional usam este modelo desde as camadas mais jovens, caso do Barcelona e Manchester United e de academias internacionais como é o caso de Clairefontaine. Em Portugal o método foi utilizado pela primeira vez, em 2007, no FC Porto através da contratação do jovem técnico holandês Pepijn Lijnders, que trabalhou na formação do PSV Eindhoven e incutiu desde cedo o modelo nos escalões jovens do FC Porto. Apesar de ser uma matriz de treino mais utilizada nas camadas jovens, também pode ser aplicado no futebol sénior, hoje é considerado um guia de referência para a prática do bom futebol.





MLS Com Modelo Pioneiro Para o Futebol





A Major League Soccer (MLS) é a liga de futebol profissional americana, em terras do Tio Sam esta modalidade é conhecida como Soccer e tem fundamentos e regras estruturais completamente distintas do modelo de futebol praticado na esmagadora maioria dos países de campeonatos profissionais. Jeff Agoos, director técnico de competições da MLS, acredita que com este modelo, a liga americana pode estar até 2022 entre as melhores ligas do mundo.
O desporto americano sempre se baseou num modelo próprio e peculiar, à vista dos estrangeiros é um sistema demasiado complexo, mas com grande percentagem de sucesso, nas modalidades em que esse modelo é incluído os E.U.A são as grandes potências (Basquetebol, Hóquei no Gelo, Basebol e Futebol Americano.) O basquetebol é uma modalidade praticada em vários países desde as categorias de base, mas é consensualmente reconhecida a excelência da NBA em termos organizativos, qualidade de jogo colectivo e individual, numa liga onde é predominante o número de jogadores formados no sistema educativo americano. As ligas internas americanas não se regulam pelas directrizes de entidades externas, em alguns casos criam ou modificam as suas próprias regras e implementam no seu modelo, o caso mais flagrante foi uma medida levada a cabo pela NBA, incorporou a regra da linha de três pontos antes da FIBA (Federação Internacional de Basquetebol).
A MLS copiou a matriz de outros desportos lá praticados, a classificação não é feita por um sistema de pontos, apenas se contabilizam as vitórias, empates e derrotas e  divide-se numa primeira fase classificação em duas conferências, Este e Oeste. Neste campeonato actualmente estão em disputa 19 equipas (10 na conferência Este e 9 na Oeste). A fase seguinte é a eliminar entre equipas da mesma conferência e coloca em confronto o melhor recorde contra o pior e assim sucessivamente, nesta fase é apurado o campeão de cada conferência e disputa-se a grande final entre ambos para definir o campeão americano de futebol.
Este campeonato também inova e difere do resto do mundo num aspecto muito importante, nenhuma equipa corre o risco de descer divisão, desde que assegure contrapartidas financeiras necessárias para se inscrever no ano seguinte a manutenção é garantida. O seu lugar pode ser substituído por outro no caso de insolvência, decisão da direcção ou fundador, contudo uma equipa com projecto um projecto sólido e sustentável pode ficar com o lugar, desde que pague pela sua inscrição na liga e pela sua manutenção. Os valores não são fixos. São definidos pela comissão da Major League e variam consoante a conjunção económica, a necessidade de expansão da liga e o mercado a explorar. 


Outra marca de contraste da MLS perante o resto das ligas é o tecto salarial imposto nos regulamentos, nenhuma equipa pode exceder com o seu plantel o orçamento imposto pela liga, esta medida surge com o intuito de manter equilíbrio e evitar grandes fossos de qualidade entre as equipas, como acontece em Espanha ou Escócia e sobretudo garantir que as franquias que estão associadas à Liga sejam sustentáveis, gastar mais do que aquilo que se gera é impeditivo pela Liga. Contudo, existe espaços nos regulamentos para que os clubes consigam atraír nomes sonantes do futebol, como aconteceu com David Beckham ou Thierry Henry. Cada franquia só pode ter três jogadores chamados de “designados”, que podem ganhar acima do tecto, esta medida não teve um teor meramente desportivo, foi também uma estratégia de marketing, porque criou maior interesse junto da plateia americana e também motivou europeus a seguirem os jogos do campeonato para continuarem a seguir as carreiras de jogadores anteriormente aclamados. Uma vez que a Liga funciona como uma associação, os contratos de publicidade, nomeadamente de marca de equipamentos é negociada com os responsáveis da Liga e a marca passa a ser oficialmente e fornecedora da competição, não permitindo aos clubes negociar directamente com outras marcas de equipamentos desportivos, actualmente é a Adidas detentora desse contrato e todas as equipas sem excepção usam equipamentos da multinacional alemã.
A MLS tem subido degraus de ano após ano, a evolução é notória e explicada pela grande comunidade latina presente no país, mais afecta a este tipo de desporto do que a maioria do típico americano e essa nuance sente-se no número de espectadores presentes nos estádios e o respectivo investimento de milionários mexicanos e sul-americanos que garantem uma fluidez de negócio que supera, em muitos casos, as melhores expectativas dos fundadores da competição. Neste momento a MLS é a 6ª liga de futebol profissional com melhor média de assistência do Mundo, indicadores que deixam os responsáveis satisfeitos.





Apesar da ousadia e dos resultados positivos os responsáveis da MLS ainda não conseguiram encontrar fórmulas para combater os desportos mais populares nos E.U.A que geralmente se disputam há mesma hora e impedem a liga de ter maior audiência e receita televisiva. Para além desses assustadores competidores a liga tem de competir com outras ligas que se disputam há mesma hora, como a mexicana e a dos países da América do Sul. A audiência média de pessoas que assistem a um jogo de soccer é de 227 mil pessoas e os próprios americanos valorizam mais as ligas europeias onde a assistência média ascende a 1 milhão de pessoas. Devido às fracas audiências, o valor pago pelas emissoras é baixo. A NBC paga 10 milhões de dólares para transmitir a MLS e a ESPN paga 9 milhões de dólares. Um valor irrisório perto de outras grandes ligas do mundo, como a Premier League, na audiência da TV, recebe 3,018 biliões de libras. O único fenómeno de grande audiência são os jogos da selecção nacional mexicana que não tem comparação possível segundo  Marisabel Munoz, directora de relações públicas da MLS. No entanto já existem medidas para cativar mais adeptos, a permissão da entrada de equipas que possam fomentar rivalidades com outras já existentes, na próxima temporada prevê-se a entrada de New York City o que criará um dérbi nova-iorquino com os New York Red Bulls e a criação de uma equipa com sede em Miami, que deverá ter Beckham como grande investidor e permitirá atrair sobretudo as massas latinas, os movimentos nesse sentido estão a ser cada vez mais intensificados.





O modelo de captação de jovens também está a ser estruturalmente modificado, uma vez que no actual só era permitido contratar jovens oriundos dos colégios e universidades, mas essa integração era demasiado tardia porque os jovens acabavam a sua formação com 21 anos de idade e só nessa altura começavam a ter os primeiros contactos com o mundo profissional, o que enfraqueceu a qualidade do jogador americano perante selecções europeias ou da América Latina, criar escalões base por categorias e apostar na sua formação numa altura mais precoce parece ser um caminho inevitável para o soccer nos E.U.A.






Futebol e Tecnologia: Um casamento anunciado




Após anos de discussão nos locais mais recônditos onde se aprecia futebol, nos meios de comunicação, nos fóruns alusivos às temáticas de índole desportiva, nomeadamente na International Football Associaton Board (IFBA), organismo que regulamenta as regras praticadas no futebol, o futebol prepara-se para estender o raio de acção das tecnologias a outras vertentes do jogo.
A introdução da tecnologia no futebol foi feita de forma lenta. Numa fase inicial essa inovação deu-se nos materiais utilizados pelos intervenientes directos, as bolas de futebol chegaram a pesar um quilo e hoje têm 450 gramas, as chuteiras na década de 30 pesavam por par 1 quilo e actualmente cada par pesa em média 350 gramas, as camisolas utilizadas nessa década pesavam, em média 350 gramas e actualmente o peso foi reduzido para 188 gramas. A tecnologia permitiu após várias observações do jogo criar condições para melhorar o desempenho individual, uma redução drástica no peso dos materiais desportivos foi uma das soluções lógicas e para isso suceder, promoveu-se a uma alteração da matéria-prima na construção dos materiais como refere o professor Sérgio Augusto Cunha da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas).
As camisolas eram inicialmente feitas de algodão, actualmente são feitas de poliester, uma material mais leve, mais resistente e capaze de absorver e secar o suor com rapidez. As chuteiras eram feitas de madeira e couro, actualmente são feitas de ABS ou de polipropileno (plástico que pode ser moldado através do aquecimento), elastômeros (borracha natural elástica) e adesivos especiais. As bolas eram construídas em couro deram lugar ao plástico com materiais sintéticos e com menor número de gomos que deixaram de ser costurados e passaram a ser fixados termicamente.
Todos estes factores contribuíram para aumentar a rapidez dos jogadores, a potência do remate e até para manter o jogador nas melhores condições térmicas.
Posteriormente, a tecnologia começou a intergrar-se nas identidades decisórias durante o jogo, árbitros e fiscais de linha, a primeira marca tecnológica conhecida é o placar digital cuja funcionalidade é indicar o número de desconto de tempo ou o número do jogador a ser substituído e o número daquele que entra para o seu lugar, mais recentemente foi  introduzido o intercomunicador que permite o diálogo entre árbitros sem que estes se tenham de deslocar até ao receptor, acto que permite poupar mais tempo e obter os mesmos efeitos.




Esta problemática sempre levantou celeuma entre as várias entidades que regem o futebol, Michel Platini, actual presidente da UEFA é voz activa contra a introdução de muitos meios tecnológicos por considerar que são investimentos demasiadamente dispendiosos para o número de ocorrências, por destruir a fluidez do jogo e por acreditar que com mais pessoas a arbitrarem é suficiente para reduzir o número de erros. Contudo, a sua postura dogmática no que a esta matéria diz respeito é contrariada por diversos líderes de clubes e até mesmo pela FIFA, isto porque,  a tecnologia da linha de golo será utilizada como recurso de suporte aos árbitros pela primeira vez na Copa do Mundo no Brasil.
GoalControl é o nome do sistema utilizado e é equipado com 14 câmaras de alta velocidade localizadas ao redor do campo, com sete câmaras focadas em cada linha do golo.  A posição da bola é contínua e automaticamente capturada em 3D, e a indicação se o golo foi marcado ou não é imediatamente confirmada dentro de um segundo e enviada a um relógio usado por cada membro da arbitragem. Este mecanismo foi concebido pela empresa alemã GmbH que venceu a licitação em Abril de 2013 e testou o seu projecto na Taça das Confederações de 2013, onde indicou correctamente a marcação de todos os 68 golos marcados na prova, embora nenhum tenha sido alvo de dúvidas por parte do olho humano. 





Apesar de todas as resistências o futebol vai gradualmente adoptando as tecnologias como bem necessário para uma verificação rigorosa e complementar da função do Homem, ao exemplo de outros desportos. No ténis a tecnologia do "Olho de Falcão" foi desenvolvida em meados do ano 2001, na NBA o recurso a vários ângulos televisivos é usado para determinar uma decisão duvidosa para a equipa de arbitragem composta por 3 elementos. Numa altura em que o desporto movimenta enormes quantidades de fluxos monetários, estes mecanismos são apontados como complementes essenciais para tornar as decisões mais fidedignas e rigorosas.





Benfica: Apogeu Táctico de Jorge Jesus


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A época do Sport Lisboa e Benfica versão 2013/2014 começou de forma atribulada, da mesma forma que tinha acabado a época anterior. Nessa temporada a equipa orientada por Jorge Jesus perdeu todas as competições onde estava inserida, o campeonato na penúltima jornada em casa do F.C Porto, a final da Liga Europa em Amesterdão frente ao Chelsea F.C e a Taça de Portugal disputada no Estádio do Jamor contra o Vitória de Guimarães. Nesse final de época fatídico para os aficionados da equipa encarnada a vertente psicológica e anímica do plantel ganhou suma relevância e numa altura que a equipa precisava de responder, esse factor abalou a equipa, a vertente física e táctica foram insuficientes para responder às exigências dos desafios.

No futebol moderno existem correntes de pensamento opostas, quer em termos de gestão financeira, quer no modelo de jogo definido para orientar uma equipa. Existem ideologias que cimentam os seus ideais de jogo no controlo da posse de bola e dão maior primazia à fase ofensiva em detrimento da defensiva. Outros técnicos e especialistas adoptam um estilo de jogo mais conservador, focam-se principalmente na organização defensiva, manter a equipa coesa e contra-atacar através de transições rápidas com o intuito de aproveitar alguma desorganização proveniente do adversário, quando esse se encontra na fase atacante. 

Todavia, não é cientifico que um modelo tenha mais e melhores resultados do que o outro, tudo depende da interpretação que cada treinador e cada equipa faz de um modelo de jogo. Também não está provado que uma equipa não pode integrar os dois modelos de jogo nas diversas fases de uma partida e existem equipas europeias a fazê-lo de forma efectiva e muito perspicaz como são os casos do Atlético de Madrid de Diego Simeone, do Real Madrid de Carlo Ancelotti ou do Benfica de Jorge Jesus.

Na preparação para uma época ou quando é contratado um novo treinador existem duas perguntas que se impõe sempre nas colectivas de imprensa, se o esquema táctico de um determinado treinador será feito de acordo com as qualidades e virtudes dos jogadores disponíveis no plantel ou perante um determinado conceito de jogo serão contratados jogadores devidamente credenciados para ocupar essas posições. Existe também outra possibilidade que se pode acrescentar nesta equação, a capacidade que um treinador tem para adaptar jogadores às funções que ele deseja serem executadas. 

Numa análise táctica detalhada à equipa de Jesus através da observação de jogos e dos movimentos neles executados na vertente ofensiva e defensiva do jogo, é possível observar várias nuances repetidamente presentes, mesmo com intérpretes diferentes, ou seja, apesar dos jogadores não serem os mesmos, os mecanismos de jogo e as movimentações permanecem. Jorge Jesus tem como táctica predilecta uma formação composta num 4-4-2 (quatro defesas, quatro médios e dois avançados). Cada jogador sabe o papel que tem a desempenhar quando está a defender, a atacar, nos livres directos ou indirectos e nas marcações de canto.

A primeira situação a ser analisada é a saída de bola quando esta se encontra na posse do guarda-redes, num pontapé de baliza ou num simples atraso a equipa organiza-se da seguinte forma:


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1 - Nesta situação Jorge Jesus promove uma ligeira subida dos laterais, faz descer a unidade mais defensiva do meio campo para a posição de defesa, neste caso Rúben Amorim, ficando desta forma com mais uma unidade para sair a jogar com a bola pelo chão; dá indicações para os centrais abrirem até ao vértice da sua área para que Rúben Amorim tenha desde logo duas linhas de passe; a preferência de Jorge Jesus por fazer descer um médio para executar esta função prende-se pelo facto dos médios do Benfica terem maior qualidade de passe e visão de jogo do que os centrais, desta forma os passes saem com melhor eficácia;

As virtudes desta saída de bola estão no facto de cada unidade que vai tocar na bola após o guarda-redes ter mais do que uma unidade a quem pode passar a bola com segurança e assim começar a organizar um ataque continuado, se direccionarmos as atenções para Rúben Amorim ele terá como primeira linha de passe Enzo Perez, segunda linha de passe Garay e terceira Luisão, em caso do adversário tentar pressionar estas linhas pode arriscar mais o passe para outras jogadores que se deslocam na linha média ou então optar pelo jogo directo jogando nos avançados, mas a tendência é para que essa seja a última opção entre as várias existentes.


A próxima situação é o comportamento defensivo do Benfica tendo como base a análise do jogo Juventus vs Benfica em Turim na meia-final da Liga Europa:



2 - Nesta situação o Benfica enfrentava um adversário estrangeiro com um esquema táctico diferente dos que costuma defrontar em Portugal, num estilo italiano muito próprio a Juventus actua com 3 centrais, dois laterais que fazem a ala toda, Pirlo como elemento mais recuado do meio campo (permite ter maior raio de acção e mais visão de jogo, método ideal para fazer sobressair a grande virtude do seu jogo, a qualidade do passe); Vidal e Pogba funcionavam como médios box-to-box e na frente dois avançados de características distintas. O Benfica mesmo actuando fora de casa e a precisar de proteger uma vantagem de um golo, não modificou o seu desenho táctico, voltou a jogar com dois avançados ( Rodrigo e Lima) mas adoptou uma mentalidade completamente distinta, jogou em contenção, recuou todas as linhas e Jorge Jesus fez com que os seus avançados, cuja principal função é atacar, fossem os primeiros a defender; Rodrigo numa primeira fase foi o responsável por pressionar e incomodar Pirlo, o capitão da Juventus é o organizador de referência da "Vecchia Signora" e pressionar esta unidade fazia com que a Juventus tivesse de reajustar o seu jogo e procurar outras alternativas, desta forma Jesus começou a diminuir a eficácia em termos ofensivos da Juventus; o técnico português soube jogar com a vantagem e observou que a Juventus tinha 3 defesas que raramente se integravam na parte ofensiva da equipa e por isso achou desnecessário pressionar essas 3 unidades, uma vez que não representavam perigo e foi nesta nuance táctica que começou a ganhar vantagem numérica no meio campo, dando instruções a Markovic e a Gaitán para ajudarem Rúben Amorim e Enzo Pérez no centro do terreno, tapando as linhas de passe para os avançados da Juventus, era uma forma de Jorge Jesus diminuir as oportunidades de golo para a equipa italiana. Nota ainda para a rapidez de execução do Benfica quando recuperava a bola, os avançados avançavam rapidamente no terreno e os alas (Markovic e Gaitán) faziam o mesmo movimento para que o jogador com a posse de bola efectuasse rapidamente o passe e assim aproveitar algum momento de desorganização, neste caso, em alguns lances do jogo aparecia vindo de trás uma unidade extra ( Maxi Pereira ou Siqueira) para tentar causar ainda mais desequilíbrios na numerosa defesa italiana.

O terceiro momento a ser analisado é o Benfica na fase ofensiva, nas movimentações e posições que fazem quando tem como principal objectivo criar oportunidades de golo. Numa conferência que teve lugar na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa, Jorge Jesus revelou que as suas equipas definem sempre 4 focos de atenção fundamentais na fase ofensiva ou defensiva: 1 - a bola; 2 - colega de equipa; 3 - espaço existente; 4 - o adversário.




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3 - Esta disposição é visível quando o Benfica ataca continuamente, a linha defensiva sobe até à linha do meio campo, Luisão e Garay são sempre os jogadores mais recuados; cada um dos laterais está ligeiramente mais avançado e é impeditivo que ataquem os dois ao mesmo tempo, para evitar que a equipa fique com poucas unidades a defender no caso da bola ser interceptada pelo adversário; Rúben Amorim é a unidade do meio campo mais atrasada e tem como função servir de apoio ao organizador de jogo (Enzo Pérez) caso este não tenha as melhores condições para endossar a bola a outro elemento, Rúben surge como alternativa mais segura; Gaitán e Markovic colocam-se como extremos e flectem frequentemente para zonas interiores com o objectivo de deixar o flanco aberto para a subida dos laterais que tendem a aparecer em alta velocidade e constituem mais uma via para servir os avançados; os avançados do Benfica são ambos muito móveis e fortes a segurar a bola à espera de movimentações, ambos são muito fortes também a jogar em espaços curtos, fazer tabelas e encontrar a melhor posição para finalizar.

Estas são algumas das variantes tácticas do Benfica mais salientes esta temporada e que colocaram o Benfica no trilho das vitórias, com um campeonato, uma Taça da Liga garantida e com duas finais por disputar. Os mecanismos de jogo implantados por Jesus são de tal forma eficazes que independentemente de quem jogue, a organização não esmorece e isso é uma das qualidades mais apreciadas pelos dirigentes desportivos do futebol actual. Um orientador que sabe rentabilizar os recursos humanos existentes e exponenciar as suas características ao máximo, dentro de uma ideia muito própria de jogo.


8 de Maio de 2014






Academias de futebol funcionam como incubadoras para jovens talentos

Para além de terem ganho por mais do que uma vez a Bola de Ouro, Leonel Messi e Cristiano Ronaldo tem muito mais em comum. Ambos saíram com tenra idade das suas residências para se dedicarem ao futebol e ao desenvolvimento das suas potencialidades. 
O argentino natural da cidade de Rosário, começou a dar os primeiros passos no Newells Old Boys, clube situado naquela cidade. Rapidamente chamou atenção aos responsáveis da prospecção do Barcelona que o levaram para a Catalunha com 13 anos de idade juntamente com os pais, tendo oferecido emprego a ambos e pago um tratamento de insuficiência hormonal que assolava o jovem argentino. Cristiano Ronaldo é natural do Funchal e começou o seu percurso no Clube Futebol Andorinha. Em 1995, assinou por um clube local, o Clube Desportivo Nacional onde jogou nas categorias de base, suscitou o interesse do Sporting para onde se transferiu mais tarde, a sua mudança permitiu ao Nacional saldar uma dívida de 450 mil escudos para com o clube da capital. 
Estes dois jogadores de realidades e países distintos, seguiram trajectos semelhantes, integraram-se em academias de futebol, devidamente preparadas para formar, não só desportivamente, jovens atletas. Tendo em conta o número de jogadores formados e a sua qualidade existem duas academias europeias que se destacam no contexto actual do futebol, a Academia de Alcochete propriedade do Sporting Clube de Portugal e La Masia propriedade do Barcelona. 

La Masia em Barcelona

A Academia de Alcochete dispõe de cinco campos de futebol com relva natural e um recinto coberto com piso sintético, o edifício tem 91 quartos totalmente equipados e dois refeitórios e portanto condições adequadas para receber jovens de outros pontos do país ou estrangeiros. Em La Masia as condições são semelhantes, é uma casa em pedra construída em 1701 e que foi totalmente remodelada em 1979, com o intuito de acolher a tempo inteiro os jovens jogadores contratados pelo clube que viviam longe de Barcelona. La Masia tem uma biblioteca, dormitórios, refeitórios e já foi a casa de mais de 500 jovens.
Neste tipo de academias os clubes procuram não só formar futuros atletas, mas também cidadãos. Em La Masia, os jovens são direccionados para as melhores escolas de Barcelona, atribui-se uma grande importância ao facto de terminarem a escolaridade obrigatória e um mau desempenho escolar pode resultar num jogo de suspensão imposto pelo próprio clube. O Sporting na apresentação do seu projecto para Academia também deu ênfase à transmissão de valores como competência, profissionalismo, espírito de equipa, responsabilidade, ética e rigor. A Academia de Alcochete é neste momento a única europeia a obter o nível de excelência atribuído pela Empresa Internacional de Certificação (EIC) que tem em conta factores como recrutamento de jogadores, formação desportiva, acompanhamento médico-desportivo, formação pessoal e social e programas lúdico-desportivos.

Academia de Alcochete

Mas, porque investem os clubes em infraestruturas para acolher e formar jovens atletas? O objectivo primordial é torná-los capazes de integrar as equipas principais e formar equipas com baixo custo para o próprio clube, uma formação de qualidade permite ao clube poupar investimentos em jogadores estrangeiros cujo custo é bastante mais caro. Ao trazer jovens numa fase precoce é possível aos responsáveis pelas Academias incutir vários ideais, a fidelização ao clube, comportamento em sociedade uma vez que habitam com jovens de diferentes culturas e profissionalismo.
Num mundo cada vez mais globalizado o futebol é um dos exemplos mais flagrantes desse processo, com prospecção espalhada pelos quatro cantos do Mundo, os clubes tentam convencer jovens menores a assinarem contratos de formação com os clubes, situação que a FIFA, enquanto entidade reguladora tem combatido impondo regras quanto à contratação de jovens com menos de 18 anos. Contudo, na Europa existem excepções quanto a esta regra e é permitido fazer contratações em três casos: se os pais do atleta emigraram para determinado país por conta própria, sem nenhum tipo de relação com o futebol; se a transacção ocorrer entre países da União Europeia e o jogador tiver entre 16 e 18 anos; ou se a residência do atleta estiver localizada a menos de 50 quilómetros da fronteira do novo país. A discussão em torno desta problemática tem sido cada vez mais discutida, uma vez que ao contratar jovens atletas, os clubes de países de origem pobre não são compensados pela formação do atleta e não tem argumentos para contrariar o poderio e as condições dos clubes europeus.

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