Tribunal Constitucional chumba cortes na função pública e ordenados
sobem no Verão
O Tribunal Constitucional
declarou a inconstitucionalidade de três dos quatro artigos que estavam em
análise do Orçamento de Estado para 2014, nomeadamente, as reduções salariais
na função pública, os cortes nas pensões de sobrevivência e a aplicação das contribuições
sobre os subsídios de desemprego e de doença. Votada por dez dos 13 juízes do
Tribunal, com três deles a votarem contra o chumbo da medida, a inconstitucionalidade
dos cortes vem exigir ao Governo que encontre soluções alternativas para
cumprir o objectivo da redução do défice de 4% do ano corrente.
Segundo o relator do
acordão, o juiz conselheiro Carlos Fernandes Cadilha, a redução das
remunerações dos trabalhadores da administração pública foi chumbada por violar
o princípio da igualdade, consagrado no artigo 13, nº 1 da Constituição da
República, e por colocar em causa os objectivos da consolidação orçamental. O
regime que constava do artigo piorava os cortes em dois aspectos: o limite
inferior das remunerações sujeitas à redução passou para 675 euros, passando a
abranger um escalão que estava isento; os limites mínimo e máximo dos
coeficientes de redução que antes eram de 3.5 a 10%, passaram a ser de 2.5% a
12%. Quer isto dizer que em vez de ser aplicado um corte progressivo de 3,5% a
10% sobre os rendimentos superiores a 1500 euros mensais, estavam a ser
aplicados cortes de 2,5% e 12% a partir dos 675 euros mensais.
O único artigo que o
Tribunal Constitucional não chumbou foi a polémica suspensão das complementos de
reforma nas empresas públicas que apresentem prejuízos, remunerações essas que, no fundo, serviam
para cobrir a disparidade entre a reforma e o último salário que receberam quando
estavam ao serviço da empresa. Estimadas em 25 milhões de euros anuais, as
poupanças aliadas ao anulamento deste benefício, que era amortizado nas estações de Metro e de Carris de Lisboa, foram muito contestadas, uma vez que para alguns
trabalhadores traduzia uma redução de 60% nos rendimentos. Os sindicatos, as associações de
trabalhadores democráticas constituídas para defender os interesses económicos
e sociais relacionados com a actividade laboral dos seus integrantes, depreciaram ainda este benefício pelo facto de terem servido de incentivo à
saída de muitos trabalhadores no âmbito do processo de reestruturação do sector
dos transportes.
O artigo 115º do Orçamento de Estado, que decretava a aplicação de taxas de 5% e 6% nos subsídios de doença e de desemprego, foi também inconstitucionalizado pelo facto do tribunal considerar que os fins orçamentais
pretendidos com a implementação destas normas não justificam que aqueles que
obtêm prestações de menor valor saiam prejudicados.
Tal como aconteceu com o
chumbo dos cortes na função pública, a alteração da fórmula de cálculo das
pensões de sobrevivência foi igualmente declarada inconstitucional por violar o
princípio da igualdade. O TC considerou que o peso que a pensão de
sobrevivência assume na totalidade do valor das pensões poderia provocar
diminuições drásticas em montantes diferentes e prejudicar directamente os
pensionistas mais dependentes da pensão de sobrevivência.
Este chumbo das medidas
coloca novos entraves ao Executivo, obrigando-o a encontrar novas soluções. O
défice público de 4% estimado pelo Governo para este ano vem, com esta decisão
do Constitucional, exigir respostas alternatvias para a sua concretização que
poderá passar por um novo aumento dos impostos.
A inconstitucionalidade do
aumento dos cortes salariais na função pública vem traduzir o aumento dos
ordenados durante o Verão deste ano. Para subsitutir o chumbo à norma do
Orçamento do Estado que previa as reduções, o Governo terá de repôr os
ordenados de Junho. Durante o mês de Junho, os mais de 500 mil trabalhadores
afectados pela redução dos ordenados, irão recuperar o rendimento, regressando
aos níveis anteriores ao PEC (Plano de Estabiliadde e Crescimento) do então
primeiro-ministro José Socrates, antes ao mês de Janeiro de 2011.
5 de Junho de 2014
5 de Junho de 2014
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Europeias 2014: Longe
dos resultados de outrora
As eleições para o Parlamento Europeu 2014 revelaram-se
históricas para a política portuguesa ao evidenciarem os melhores e os piores
resultados de sempre. O PS ficou aquém da sua melhor votação ao angariar apenas
31% dos votos, o PSD, em coligação com o CDS, conseguiu um resultado inferior a
30% e a taxa de abstenção registou um recorde de 66.10%.
O Partido Socialista acabou por vencer, no caso Português, as
últimas eleições europeias, mas com uma larga diferença em
relação aos resultados de anos anteriores. Os socialistas venceram nos círculos
que incluem os principais centros urbanos (Lisboa e Porto), enquanto que os
sociais-democratas triunfaram sobretudo nos distritos do norte e centro. O PS
ganhou em dez círculos, sendo que o melhor resultado surgiu nos Açores com
41.3%, seguido dos distritos de Portalegre e Castelo Branco, com percentagens
muito superiores à média nacional. Já o PSD venceu em oito círculos, com as
melhores percentagens nos distritos de Bragança e Viseu, ambos rondando os 40%.
Logo a seguir, ficou o CDU (Coligação Democrática Unitária – PCP-PEV) que se
manteve como a força mais votada nos distritos de Beja e Setúbal, seguido do MPT (Movimento do Partido da Terra) que conseguiu o seu melhor resultado na Madeira com 10.3%.
Resultados das Europeias 2014 (Fonte: http://thoughloversbelostloveshallnot.blogspot.com/)
É a primeira vez que o PSD obtém uma percentagem inferior a
30%, mesmo coligado com o CDS (Partido Popular - Partido do Centro Democrático
Social). Da última vez que concorreu em conjunto com o mesmo partido, no ano de
2004, os laranjas conquistaram 32.37% dos votos dos portugueses. Aliás, as
eleições europeias de 2004 foram também mais positivas para o próprio PS em
comparação com as eleições deste ano, com uma incrível diferença de 10% de
votos. Cinco anos antes somaram 43,07% e
em 1994 angariaram 34,87%. Em relação ao segundo partido da coligação no
Governo, o CDS, sempre que concorreu sozinho ficou entre os 12.45% e os 15.4%,
à excepção do do último concurso (Europeias 2009) que não conseguiu chegar além
dos 8.36%. Para quem estas eleições revelaram-se positivas foi para o CDU.
Segundo dados do portal do Parlamento Europeu, só em 2004 a aliança entre o
Partido Comunista e Os Verdes não conseguiu atingir os 10% - o mesmo ano em que
o Bloco de Esquerda conseguiu eleger eurodeputados pela primeira vez,
recolhendo quase 5% dos votos.
É de salientar que, apesar das diferenças em termos de
resultados, as eleições europeias de 2004 realizaram-se num cenário político
muito semelhante ao actual. O Governo da altura era também liderado pela
coligação PSD/CDS e ambos os partidos concorreram ao parlamento europeu aliados
na Força Portugal. O PS conquistou então 44,5%, elegendo 12 eurodeputados. A
união PSD/CDS ficou-se pelos 33% e elegeu nove eurodeputados. O CDU atingiu os
9,1% e garantiu a eleição de dois parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda
elegeria apenas um, não atingindo os 5% de votos. Então, a taxa de abstenção
ultrapassou também os 60%.
Em Portugal, as eleições, de uma maneira ou de outra, acabam
sempre por ser condicionadas pela política do Governo vigente no momento em
questão. Os cidadãos ou demonstram satisfação ou descontentamento com o caminho
da governação e consequentemente esse sentimento repercute-se nas eleições
seguintes. Em 2009, mais uma vez, não foi excepção. Nas eleições europeias
daquele ano, os socialistas, liderados na altura por José Socrates, que era
também o primeiro-ministro, sairam prejudicados não só pela política vigente,
mas também pela escolha do constitucionalista Vital Moreira que, apesar de à
partida parecer uma excelente aposta, veio a revelar algumas fragiliaddes,
nomeadamento no combate com Paulo Rangel do PSD. Nessa noite eleitoral, os
laranjas obtiveram 31,70% dos votos (oito parlamentares), enquanto que os
socialistas se ficaram pelos 26,58% (sete parlamentares). As duas forças à
esquerda do PS acabaram também por surgir como vencedoras, com o BE a eleger
três parlamentares (10,73%) e o PCP dois (10,66%). Já o CDS conseguiu também a
eleição de dois parlamentares com os seus 8,37%.
Este ano, como efeito dos resultados, o PS elege 7
eurodeputados, o PSD/CDS elege 6, o CDU elege 2 e o MPT e o BE elegem ambos
apenas 1.
A nível europeu, apesar de muito se ter especulado sobre um
possível fracasso, os resultados revelaram-se ligeiramente superiores aos de
2009. As forças dominantes continuarão nos próximos cinco anos a liderar a
actividade política no Parlamento Europeu, apesar do notório avanço da direita
radical e dos eurocépticos. Os eurocépticos são uma força política radical que,
tal como o próprio nome indica, assenta na desconfiança e na descrença acerca
da União Europeia. Para eles, o modelo económico-social europeu abre caminho
para uma federalização dos Estados-membros, sendo necessário fomentar a
soberânia nacional e a independência das instituições próprias das nações
europeias.
Segundo dados disponibilizados no site oficial do Parlamento
Europeu, com 213 cadeiras para os conservadores (grupos de centro-direita) e
191 para os sociais-democratas, estas duas forças controlarão a maior parte do
Parlamento, formado na totalidade por 751 eurodeputados. A terceira força mais
votada, os liberais, elegem 64 parlamentares, enquanto que os verdes elegem 52.
Os restantes deputados eleitos pertencem aos partidos anti-sistema,
anti-europeus e de extrema-direita. O CRE (conservadores e os reformistas
europeus) elegem 46, o GUE/NGL (Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde
Nórdica) elege 42, o NI (Não-Inscritos – deputador não filiados em qualquer
grupo político) elege 41, o EFD (Europa da Liberdade e da Democracia) elege 38
e os outros (Deputados recém-eleitos não filiados em qualquer dos grupos
políticos do Parlamento cessante) elegem 64.
Resultados das Europeias 2014 (Portal do Parlamento Europeu)
No Parlamento Europeu, todos os partidos políticos devem ser
representados por 25 eurodeputados provenientes de, pelo menos, 7 Estados-Membros.
Face à crescente taxa de abstenção em matéria de eleições
políticas, tem-se tornado cada vez mais pertinente a discussão em torno da
possibilidade de introdução do voto obrigatório. Um dos argumentos dos defensores é
que quem não vota não pode criticar políticas públicas e perde legitimidade
para depois criticar os políticos e políticas no exercício do poder, sendo que
só através do voto é que um cidadão pode tirar um político do seu cargo no fim
do mandato se estiver insatisfeito com a política de governo. Os deputados que
se opõem ao voto obrigatório argumentam que para tal reforma, terá de ser
criado primeiro um meio concorrencial aos partidos que os obrigue a fazer
coincidir, internamente, a retórica democrática com a acção, bem como
desdobrar-se em esforços para melhorar a qualidade da sua oferta. O voto
obrigatório já foi adoptado por 24 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Costa Rica, Equador, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, República
Dominicana, Uruguai, República Democrática do Congo, Egipto, Grécia, Líbano,
Líbia, Nauru, Tailândia, Bélgica, Austrália, Luxemburgo e Singapura), não sendo
a abstenção uma preocupação para a sua política.
29 de Maio de 2014
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Governo
faz rescaldo dos três anos de troika em
livro e anuncia medidas para o futuro
É em ambiente de positivismo que o Governo Português proclama “Missão
Cumprida!” face à rescisão do programa de assistência financeira. Para homenagear
o trabalho e o sucesso da troika e
recordar o enorme esforço e complexidade da aplicação do programa de resgate, o
executivo acaba de lançar um livro de cerca de 150 páginas que resume as
principais medidas cumpridas durante os três anos (2011-2014) da aliança entre
o Governo e as equipas constituídas por responsáveis da Comissão Europeia,
Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Ao longo dos últimos
três anos, Portugal viu-se sob os olhos destas três entidades que negociaram as
condições de resgate financeiro no país.
Foi no Palácio da Ajuda, em Lisboa, que ocorreu a reunião especial do Governo,
com a presença de ministros e secretários de Estado para fazer o balanço dos
três anos de troika. No conselho de
ministros, o Governo lançou também oficialmente um livro que descreve o
trabalho do Executivo e as metas conseguidas ao longo do programa. O documento
revisita mais de 450 medidas executadas desde 2011 inseridas em 10 áreas, entre
as quais a Política Orçamental, as Privatizações, a Saúde e a Educação.
Capa do livro "A Gestão do Programa de Ajustamento - 1000 dias, 450 medidas cumpridas"
O livro que percorre as várias áreas da governação num auto-elogio do
trabalho feito pelo Governo durante o período da troika – e que o secretário de Estado
adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, assume ser uma homenagem aos seus
colegas de governo, actuais e ex-governantes que colaboraram com a Estrutura de
Acompanhamento do Memorando (Esame) no interior do executivo, que liderou. O
documento que funciona como um resumo dos dias de convivência com a troika e do trabalho do próprio
executivo tem o título “A Gestão do Programa
de Ajustamento – 1000 dias, 450 medidas cumpridas” (com ilustração de Inês
Moura Paes na capa). Carlos Moedas justificou o lançamento deste livro como
modo de revisitar “de forma transparente” o trabalho com a troika.
Num momento em que a troika
está de saída e o FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra-se receoso de que
o país se esteja a preparar para voltar a gastar mais do que pode e deixar a
meio as reformas iniciadas com o Programa de Assistênca Económica e Finaneira
(PAEF), os governantes insistem na necessidade de dar continuidade a essas
reformas. Nesse sentido, os ministros garantem que a missão e o mandato do
Governo vão para além do PAEF.
Na palavra do
vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, é essencial e necessário para a
continuação do progresso político-económico do país que o Governo defina as
reformas a cumpirr para os próximos anos. O autarca aproveitou a ocasião para
anunciar 120 medidas de reforma do Estado. Tratam-se de reformas muito
concretas para modernizar o Estado e as suas administrações, mas apenas algumas
serão concretizadas no ano que falta até terminar a legislatura corrente. As
restantes têm um prazo até 2019, ano em que acabará o próximo Governo.
Uma das tarefas que não será
este Governo a concretizar é a reforma da Segurança Social com vista ao
Plafonamento, isto é, a possibilidade dos trabalhadores no futuro fazerem
apenas uma parte dos seus descontos para o sistema público, colocando outra
parte em mecanismos privados.
Outra novidade é que o
Governo prepara-se também para produzir um novo documento estratégico:
Documento de Estratétgia a Médio Prazo. Depois do Documento de Estatégia
Orçamental e da Carta de Intenções enviada ao FMI, está a caminho um novo papel
destinado a gravar o compromisso futuro de Portugal e a impulsionar uma linha
de crescimento da economia. Este documento será aprovado em Conselho de
Ministros extraordináio no dia 17 de Maio e será divulgado aos Portugueses, a
todos os parceiros europeus e a todos os investidores internacionais.
Na cerimónia, Paulo Portas
apresentou também dez aspectos que considera serem novas e importantes
realidades para o país a partir do próximo dia 17 (data em que será oficial o
término do programa de assistência financeira): Portugal deixará de ter a
obrigação de “negociar linha por linha” todas as leis com os credores; Portugal
recuperará a capacidade de se financiar com autonomia; a palavra dominante
deixará de corresponder a “cortes” para passar a corresponder a “recuperação”:
“recuperação de salários, progressivamente; de pensões significativamente; de
rendimentos, significativamente”; Depois do ciclo de recessão da troika, o ciclo de crescimento; Será
“inevitável” uma nova forma de fazer política, não com base no endividamento,
mas na sustentabilidade das contas públicas; Depois das reformas impostas de
fora, no futuro “reformar é importante, mas consensualizar as reformas será
ainda mais importante”; Deve passar a haver uma “cultura de compromisso”; “O
Governo certamente pode aproximar-se mais do seu programa, a oposição será mais
competitiva, a comunicação social será menos monotemática”; Acabará a
“angústia” de cada avaliação e os portugueses poderão “respirar mais em
liberdade”; A questão deixará de ser qual o sentido útil dos sacrifícios, para
passar a ser: “quem nos garante que não voltamos a cair nas causas, nas
políticas, que nos levaram ao resgate?”. Esta é perspectiva do
vice-primeiro-ministro sobre o período pós-troika em termos económicos e
políticos.
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Partido Comunista pretende tornar ex-sede da PIDE em palco de projeto evocativo
Após 40 anos da Revolução dos
Cravos que fez Portugal conhecer a liberdade, a casa da extinta PIDE – Polícia
Internacional e de Defesa do Estado - está a merecer uma sólida discussão no
ceio da política pelo facto do Partido Comunista ambicionar integrar o
edifício, hoje museu militar, num projeto museológico evocativo. O PCP acaba de
propôr ao Parlamento, por meio da apresentação do projeto de resolução, que
recomende ao Governo que concretize naquele estabelecimento o projeto evocativo
do facto da construção em causa, situada na Ruta do Heroísmo da cidade do
Porto, ter sido a delegação local da PIDE.
A intenção do PCP conta também
com o apoio do PEV - Partido Ecologista "Os Verdes" - que,
inclusivamente, já apresentou perguntas ao Governo sobre o assunto. O partido,
que conta com uma intervenção e um conhecimento importantes nas áreas do ambiente
e ecologia, entregou na Assembleia da República uma questão ao Governo,
interpelando os motivos que levaram o Ministério da Defesa Nacional a
regulamentar, a 15 de Junho de 2012, um despacho no qual é afirmada a
legalização da existência de qualquer evento em instalações militares.
O imóvel, idealizado em 1920 e elevado a
museu em 1977, continua atualmente a ser uma instituição pertencente ao
exército português, mas vocacionada exclusivamente para a preservação da
história militar. O edifício goza de uma extensa história, tendo ao longo da
sua existência sido centro de variados orgãos sociais. A casa, inicialmente
destinada à habitação de D. Maria Coimbra, foi mandada construir no final do
século XIX e é uma construção característica da época oitocentista, concebida para
residência familiar. Durante alguns anos acolheu freiras espanholas, durante a
Guerra Civil Espanhola, e em 1937, por meio de arrendamento do estado, passa a
ser a instalação oficial da PIDE/DGS, a famosa polícia política do regime
salazarista.
Ex-sede da PIDE e atual Museu Militar do Porto
O projeto resolução apresentado
pelo PCP leva anexado o projeto intitulado "Do Heroísmo à Firmeza
(1934-1974) - Percurso na memória da casa da PIDE no Porto" elaborado pela
URAP – União de Resistentes Anti-fascistas Portugueses – em 2009. Segundo Jorge
Machado, advogado e deputado do PCP na actual legislatura, o projeto mereceu a
adesão de várias direções do Museu Militar do Porto e de responsáveis da
Direção de História e Cultura Militar. No entanto, diversas alterações na
administração do museu e na hierarquia militar foram sempre adiando uma decisão
final. O político de esquerda, bem como elementos da URAP, esteve presente na conferência
de imprensa da apresentação pública do projecto.
A construção foi durante o
período do Estado Novo um centro de vigilância e repressão criado pelo regime.
Segundo registos existentes obtidos através de uma investigação prolongada, até
à célebre revolução de Abril de 1974 foram presas, interrogadas e torturadas
cerca de 7600 pessoas. Foi com este mesmo objetivo, materializar essas ações de
repressão política, que o regime se apropriou do espaço. Duas pessoas foram
mesmo assassinadas no estabelecimento situado no Porto, que teve Rosa Cavaco
como último diretor: Joaquim Lemos de Oliveira, um barbeiro natural de Fafe, e
Manuel da Silva Júnior, um operário natural de Viana do Castelo. É de notar que
Álvaro Cunhal, antigo secretário-geral do partido comunista e figura
galvanizadora do comunismo português, esteve detido na casa em 1949. Neste
âmbito, com receio do que lhe pudesse acontecer caso a sua prisão não fosse
tornada pública, Virgínia Moura, ativista política resistente ao Estado Novo, e
outros colegas trataram de lhe dar publicidade. Desta forma, surgiram vários
anúncios de jornal, nos quais Álvaro Cunhal, sob o pseudónimo “Duarte” e
enquanto dirigente do PCP na clandestinidade, agradecia aos seus amigos os
cuidados manifestados pelo seu estado de saúde, na impossibilidade de o fazer
pessoalmente.
Elaborado pelo arquiteto Mário
Mesquita, professor na Universidade do Porto, o atual museu apresenta ao
público um conjunto valioso de coleções de armamento ligeiro e artilharia
militar, cuja origem vai desde o século XIV até aos dias de hoje. O espaço
apresenta também uma coleção de "soldadinhos de chumbo", constituída
por 16000 exemplares.
Coleção de “Soldadinhos
de Chumbo” exposta no museu
O projeto museológico não é
incompatível com a permanência do Museu Militar no edifício. Nem chega a
disputar espaço, uma vez que apenas se limita à colocação de sinalética e
elementos explicativos sobre a forma como se processava a ocupação do imóvel
pela PIDE.
Perante o frequente adiamento de uma decisão final relativamente à
sua proposta, o PCP solicitou agora uma reunião à direção do Museu Militar do
Porto com o intuito de apresentar as orientações do projeto e lembrar os seus
pilares e objetivos.
24 de Abril de 2014
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Cortes adicionais fora dos planos do Governo para o futuro
O Governo Português não tenciona tomar mais medidas de
austeridade aplicadas aos salários e pensões no próximo ano. Numa época em que
os progressivos cortes orçamentais têm merecido uma tensão unânime no ceio da
opinião pública, Passos Coelho quer assegurar que a diminuição da despesa seja
feita por outras vias e que essa é a base do processo para fechar o Documento
de Estratégia Orçamental (DEO).
O Governo já tem definida uma meta para 2015 no que diz respeito ao défice público associado ao Produto Interno Bruto (PIB). A redução da dívida orçamental que o Governo deseja alcançar entre o ano presente e o próximo consiste numa diminuição de 4% para 2,5%. Para esta exigência orçamental ser cumprida, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia, dois agentes internacionais que têm dedicado a sua atividade à recomendação de propostas de funcionamento do sistema financeiro português, fizeram já questão de apresentar a sua apreciação acerca dos procedimentos necessários do Governo para que o país consiga alcançar esse resultado. Segundo o relatório sobre a décima avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), as duas organizações prevêem que Portugal terá de definir reformas adicionais permanentes de 1,2% do PIB.
Sobre esta matéria, o Governo garante agora que a melhor solução para a redução do défice em 1,5% será a tomada de medidas alternativas aos cortes nos salários e pensões do Estado. Neste âmbito, Passos Coelho garante que o executivo não tenciona fazer mais reduções nos salários dos trabalhadores, reformados e pensionistas do Estado e que para o país alcançar a redução do défice desejado terá, para além das medidas alternativas, de cancelar aquelas que iriam constar no Documento de Estratégia Orçamental. O primeiro-ministro salienta que o Governo vai estudar “outras medidas quer do lado da receita quer do lado da despesa, embora estejamos mais concentrados no lado da despesa para atingir a meta” do défice.
Contrariamente às expectativas do Governo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) espera que em 2015 Portugal permaneça com um défice acima de 3%, não conseguindo cumprir as metas acordadas com a troika. De acordo com o Economic Outlook, documento elaborado em Novembro do ano passado pelo departamento de economia da organização, o défice orçamental deverá ser de 3,6%.
O Documento de Estratégia Orçamental é o documento que oficializa a estratégia de reestruturação económica do país e deve ser entregue nas Insituições Europeias até ao fim do mês de Abril, tal como acontece com os restantes Estados-membros. Desta forma, com estes novos planos que o Governo considera fundamental realizar para atingir o défice estimado para 2015, terão de ser feitas alterações relativamente ao que já havia sido disposto no plano estratégico. Segundo comunicado do primeiro-ministro feito no final da cimeira União Europeia-África, em Bruxelas, o Governo terá igualmente de apresentar até ao próximo dia 15 ao FMI as medidas orçamentais previstas. “O Governo deverá até dia 15, antes do ‘board’ [reunião de direção] do FMI ter lugar em Abril, anunciar as medidas com que tenciona atingir a meta orçamental de 2,5% para 2015, essa é uma ‘prior action’ para o FMI e sem isso a nossa 11.ª avaliação não fica encerrada”, afirmou Passos Coelho, acrescentando que “essas medidas não têm de ter um desenho final” e que deverão ser concluídas posteriormente atendendo à apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano.
As medidas de austeridade materializadas em reduções sistemáticas nos salários e pensões não irão fazer parte do plano orçamental para o próximo ano. Quer isto dizer que o Executivo não aponta como objetivo um aprofundamento dos cortes em áreas já consideradas no passado.
03 de Abril de 2014
O Governo já tem definida uma meta para 2015 no que diz respeito ao défice público associado ao Produto Interno Bruto (PIB). A redução da dívida orçamental que o Governo deseja alcançar entre o ano presente e o próximo consiste numa diminuição de 4% para 2,5%. Para esta exigência orçamental ser cumprida, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia, dois agentes internacionais que têm dedicado a sua atividade à recomendação de propostas de funcionamento do sistema financeiro português, fizeram já questão de apresentar a sua apreciação acerca dos procedimentos necessários do Governo para que o país consiga alcançar esse resultado. Segundo o relatório sobre a décima avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), as duas organizações prevêem que Portugal terá de definir reformas adicionais permanentes de 1,2% do PIB.
Sobre esta matéria, o Governo garante agora que a melhor solução para a redução do défice em 1,5% será a tomada de medidas alternativas aos cortes nos salários e pensões do Estado. Neste âmbito, Passos Coelho garante que o executivo não tenciona fazer mais reduções nos salários dos trabalhadores, reformados e pensionistas do Estado e que para o país alcançar a redução do défice desejado terá, para além das medidas alternativas, de cancelar aquelas que iriam constar no Documento de Estratégia Orçamental. O primeiro-ministro salienta que o Governo vai estudar “outras medidas quer do lado da receita quer do lado da despesa, embora estejamos mais concentrados no lado da despesa para atingir a meta” do défice.
Contrariamente às expectativas do Governo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) espera que em 2015 Portugal permaneça com um défice acima de 3%, não conseguindo cumprir as metas acordadas com a troika. De acordo com o Economic Outlook, documento elaborado em Novembro do ano passado pelo departamento de economia da organização, o défice orçamental deverá ser de 3,6%.
O Documento de Estratégia Orçamental é o documento que oficializa a estratégia de reestruturação económica do país e deve ser entregue nas Insituições Europeias até ao fim do mês de Abril, tal como acontece com os restantes Estados-membros. Desta forma, com estes novos planos que o Governo considera fundamental realizar para atingir o défice estimado para 2015, terão de ser feitas alterações relativamente ao que já havia sido disposto no plano estratégico. Segundo comunicado do primeiro-ministro feito no final da cimeira União Europeia-África, em Bruxelas, o Governo terá igualmente de apresentar até ao próximo dia 15 ao FMI as medidas orçamentais previstas. “O Governo deverá até dia 15, antes do ‘board’ [reunião de direção] do FMI ter lugar em Abril, anunciar as medidas com que tenciona atingir a meta orçamental de 2,5% para 2015, essa é uma ‘prior action’ para o FMI e sem isso a nossa 11.ª avaliação não fica encerrada”, afirmou Passos Coelho, acrescentando que “essas medidas não têm de ter um desenho final” e que deverão ser concluídas posteriormente atendendo à apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano.
As medidas de austeridade materializadas em reduções sistemáticas nos salários e pensões não irão fazer parte do plano orçamental para o próximo ano. Quer isto dizer que o Executivo não aponta como objetivo um aprofundamento dos cortes em áreas já consideradas no passado.
03 de Abril de 2014
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