O que as empresas procuram e o que os municípios oferecem
No primeiro trimestre do presente ano, o número de empresas que encerraram diminuiu em cerca de 18,1%, assim como as insolvências que apresentaram uma queda de 16,6% e a par desta conjuntura verificou-se também uma descida na constituição de novas empresas, novos negócios.
Entre o mês de Janeiro e Março encerraram, em Portugal, 3563 empresas. Uma diferença de 78% em relação ao ano anterior.
A tendência de encerramento de empresas verificou-se em 77% dos distritos nacionais, e em termos de sectores empresariais, esta queda foi mais relevante no retalho, serviços e na construção, de acordo com dados fornecidos pela consultora D&B.
Por sua vez, os sectores da água, do gás e da electricidade foram os que apresentaram um menor número de insolvências, e os restantes sectores (no seu geral) acompanharam a queda generalizada que se fez sentir.
Em semelhança ao que aconteceu no ano de 2013, foram 250 as empresas que recorreram ao Processo Especial de Revitalização (PER), uma ferramenta que tem como principal objectivo “recuperar a situação económica de um devedor”, que normalmente se encontra em situação de insolvência ou com dificuldades económicas. Neste processo costumam estabelecer-se negociações com as respectivas partes de modo a promover uma revitalização económica, que permite uma reestruturação da empresa em causa. Este mecanismo foi criado no ano de 2012 pelo Governo como uma alternativa judicial às insolvências, e no momento já conta com a adesão de mais de duas mil empresas.
Apesar de existirem menos encerramentos, a constituição de novas empresas também abrandou comparativamente ao primeiro trimestre do ano de 2013. No presente ano registou-se um decréscimo de 12,4% na criação de novas empresas e negócios. No primeiro trimestre deste ano foram constituídas 10.618 empresas, menos 1504 empresas do que as criadas no ano anterior.
Segundo os dados da D&B os distritos que apresentaram um maior número de novas empresas foram os de Lisboa, Porto e Braga, representado 56% do total de negócios criados, maioritariamente nos sectores dos serviços, retalho e alojamento e restauração.
Assim, as empresas tomam algumas precauções na hora de decidir a sua localização, pondo em questão certos factores que possam ajudar ao desenvolvimento da empresa. Para além disso são também procurados os melhores incentivos, que os municípios oferecem, na hora de abrir um negócio.
Por seu lado, as empresas procuram analisar com atenção os Planos Directores Municipais, tendo em conta qual o tipo de sector (industrial, comercial ou agrícola). E, as empresas também procuram saber qual o valor associado aos requerimentos que são necessários na hora de criar uma empresa. As taxas de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) são também outro factor importante, uma vez que, estas variam muito entre municípios. O sistema rodoviário e de transportes é outra das condições necessárias, pois é importante a empresa ter uma boa rede viária para que se consiga escoar os seus produtos, e também na importância da deslocação dos seus trabalhadores. Por último, a rapidez no processo de licenciamento é também um factor essencial aquando da construção de uma nova empresa.
De uma maneira geral, uma das armas eficazes das autarquias é a isenção de taxas e incentivos fiscais, pois chama muita a atenção das empresas. A decisão pode passar pela isenção total ou parcial, o que atrairá o investimento. Por seu lado, as autarquias também se preocupam com a localização e as vias de comunicação existentes. É peremptório que existam viam de comunicação com excelentes acessibilidades. A mão-de-obra é outro dos factores que pode influenciar as empresas na hora de escolher o local onde se instalar, na medida em que, a mão-de-obra jovem e qualificada é a mais procurada e é um importante factor de atractividade. A celeridade na resposta aos serviços para a criação de empresas é também um dos pontos que as autarquias tentam preencher, assim como serviços com uma base de resposta eficaz e rápida são também bastante valorizados pelas empresas.
5 de Junho de 2014
Desemprego
continua a preocupar
Desde o ano de
2013 que a taxa de desemprego tem vindo a descer, e nesse sentido já recuou
cerca de 2,3 pontos percentuais. Contudo, é preciso continuar atento a esta
taxa.
Embora a taxa de
desemprego tenha descido, o valor que apresenta é ainda elevado e demorará a
baixar.
A descida que se
fez sentir durante este ano foi significativa, mas aconteceu devido à inversão
na tendência da economia, que a partir do segundo trimestre de 2014 voltou a
crescer. Deste modo, o desemprego acompanhou esta tendência positivamente.
Apesar destes
dados se revelarem, de certa forma positiva, é necessário ter em mente que a
taxa continua elevada, e a descida que se pode seguir vai ser decerto lenta.
No início da crise
financeira, em 2008, a taxa de desemprego estava na marca dos 7,6%, marcando
uma diferença abismal com os números que se fazem sentir hoje em dia.
Por outro lado, o
emprego teve uma recaída e no primeiro trimestre de 2014 extinguiram-se 42 mil
postos de trabalho.
A fuga de jovens
activos é também um ponto importante a reter, uma vez que existe, de facto, uma
redução significativa de portugueses com idades compreendidas entre os 15 e os
34 anos, em relação à população total e à população activa. E este dado leva à
reflexão sobre o crescimento do desemprego jovem. A taxa está nos 37,5%, para
os portugueses entre os 15 e os 24 anos. Isto significa que um em cada três
destes jovens não consegue arranjar emprego no seu país. Para além deste facto,
muitos deles estão à procura do primeiro emprego, e perante esta crise é muito
mais difícil ingressar no mercado de trabalho. E por isso mesmo, por vezes, a
única solução dos jovens portugueses é a emigrantes.
Dados do Eurostat
revelam que:
Perante os dados
disponibilizados pelo Eurostat pode constatar-se que o mapa do desemprego
europeu é igualmente, preocupante, principalmente nos países que apresentam
taxas de desemprego superiores a 20%, seja a Espanha e a Grécia.
Com taxas entre os
15,1% e os 20% encontra-se então Portugal com 15,1%, seguido da Croácia e do
Chipre.
Nos países
europeus com menores taxas de desemprego encontram-se a Áustria (4,9%), a
Alemanha (5,1%) e o Luxemburgo com 6,9%.
Desta forma,
percebe-se que Portugal se encontra mais perto das taxas de desemprego mais
elevadas da Europa.
Numa perspectiva
de análise, e em relação ao município da Covilhã relativamente ao país,
encontra-se com um taxa de desemprego na ordem dos 16,1%, cerca de um ponto
percentual a mais do que se faz sentir a nível nacional. A nível distrital em
Castelo Branco, a cidade da Covilhã é o caso mais grave de desemprego.
29 de Maio de 2014
Covilhã com factura de água das mais caras do país
A factura mensal
de água é composta pelos gastos em abastecimento, em saneamento e resíduos
sólidos urbanos. Os valores que se pagam dependem, essencialmente, do custo e
do tipo de tarifa de abastecimento aplicada em cada município. O custo do
saneamento é variável, aumentando o seu valor conforme o aumento do consumo de
água. Por seu lado, a tarifa aplicada aos resíduos sólidos urbanos é bastante
desigual nos diversos municípios portugueses.
A cidade da
Covilhã tem como entidade de abastecimento de água a empresa Águas da Covilhã,
que trata igualmente do saneamento e dos resíduos sólidos urbanos.
Com base em dados
das ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), se fizermos
uma simulação do valor para consumo de 120 metros cúbicos anuais de água, o
abastecimento fica no valor de 160,20 euros; o saneamento em 182,64 euros e os
resíduos sólidos urbanos em 63,24 euros, o que perfaz anualmente o valor de
406,08 euros. Desta forma, pode dizer-se que, em média, o custo mensal da
factura de água para os Covilhanenses fica em 33,84 euros.
Se se fizer uma
comparação com o tarifário aplicado na cidade capital de distrito, Castelo
Branco, podem verificar-se diferenças fulcrais. Os Serviços Municipalizados de
Castelo Branco são a entidade responsável pelo abastecimento de água na cidade,
e segundo dados da ERSAR, fazendo uma simulação, igualmente, para o consumo de
120 metros cúbicos anuais de água, o abastecimento da mesma fica em 141,00
euros; o saneamento em 68,40 euros e os resíduos sólidos urbanos em 60,60
euros, perfazendo anualmente o valor de 270,00 euros. Assim, em média, o custo
mensal da factura de água para os albicastrenses é de 22,50 euros.
Assim sendo,
entende-se que há uma enorme diferença de valores entre as duas cidades. Em
termos anuais, a diferença é de 136,08 euros, fazendo com que a Covilhã seja a
cidade da região em que os munícipes pagam mais pela água que consomem, assim
como pelo saneamento.
Para além destas
informações, em termos de poupança ou redução de consumo, a entidade Águas da
Covilhã, no ano de 2013, revela que 467 consumidores beneficiaram do desconto relacionado com o cartão municipal social, no montante de 23.902,04 euros.
Segundo o relatório de contas realizado pela entidade Águas da Covilhã, no ano de 2012, a maioria dos consumidores de água da cidade eram domésticos, representando 91,5% dos clientes, enquanto que os comerciais e industriais representam 5,5% dos clientes da empresa. Desta forma, o consumo feito pelas famílias, o doméstico, equivaleu a 74,2% do consumo total o que resultou em ganhos de 1.404.876,17 euros.
Por outro lado, o consumo feito pelos comerciais e pelos industriais equivaleu a 11,6% do consumo total, ou seja, 615.289,20 euros. Estes dois tipos de consumidores aliados representaram no ano de 2012, 75,5% do consumo total de água registado, o equivalente a 2.020.165,37 euros.
Relatório de contas 2012 - Águas da Covilhã |
Os Serviços Municipalizados de Castelo Branco têm também ao dispor dos
munícipes o tarifário social, que é um tarifário reduzido para o consumo de
água, saneamento e resíduos sólidos urbanos.
Em Portugal, a
factura de água da Covilhã é a sexta mais cara, sendo apenas ultrapassada pelo
município de Loulé – Quinta do Lago, Loulé – Vale do Lobo, Espinho, Aveiro e
Paços de Ferreira. Quem paga menos pelo consumo de água em Portugal é a cidade Terras de
Bouro.
8 de Maio de 2014
___________________________________________________________________________
Reabilitação urbana e arrendamento como peças fundamentais do mercado imobiliário
A reabilitação urbana o arrendamento são palavras chave para o futuro do mercado imobiliário português.
O aumento de população nas cidades, a volatilidade actual do emprego e as famílias monoparentais levam à crescente procura de casas para arrendar.
O objectivo do mercado é responder às necessidades das famílias, que perante a conjuntura actual necessitam, cada vez mais, de habitação no centro das cidades, a preços acessíveis, de preferência, através de arrendamento. O sector tem de ir na direcção da procura e deve actuar nesse sentido.
A necessidade de reabilitar os centros urbanos para o arrendamento vai de encontro à informação de que na União Europeia, 75% da população vive em centro urbanos.
A volatilidade e a precariedade dos empregos estão normalmente associadas a baixos rendimentos, assim como uma redução dos direitos sociais dos trabalhadores, logo isso torna-se um ponto negativo na hora de escolher casa.
Com o crescente aumento do número de divórcios em Portugal, existem cada vez mais, famílias monoparentais que também têm dificuldades em suportar, por exemplo, a compra de uma casa, e daí optar mais facilmente pelo arrendamento.
Estas situações incentivam a necessidade de promover o arrendamento a preços suportáveis. Há uma forte necessidade de ajustar os mercados às necessidades das famílias.
A dinamização deste mercado é essencial e já se têm sentido alguns progressos nesse sentido. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do ano 2001 a 2011, o número de alojamentos arrendados aumentou 6,3%, sendo que a proporção mais alta foi registada na cidade de Lisboa.
A caracterização dos alojamentos familiares clássicos arrendados em Portugal revela que quase a totalidade possui as infra-estruturas relativas às necessidades básicas:
Em termos da especificação dos contratos de arrendamento, os contratos com duração indeterminada são os que prevalecem. Segundo dados do INE, 56,5% dos contratos de arrendamento em Portugal são de duração indeterminada.
Por outro lado, o subarrendamento é o menos expressivo, representando apenas 1,8% dos contratos de arrendamento portugueses.
O valor mensal da maioria dos arrendamentos é superior a 200 euros (54,7%). E é em Lisboa onde mais se paga por uma renda de casa. Cerca de 9,6% corresponde a rendas de 650 euros ou mais. E é no Alentejo onde se paga menos, pois 11% dos arrendamentos correspondem a um valor mensal inferior a 20 euros.
O valor mensal de renda mais praticado no país é o de 300 a 399,99 euros, que corresponde a 20,3% dos arrendamentos.
Na sua maioria, os arrendatários têm 50 ou mais anos, representando 53,8% do total de arrendatários.
As famílias de menor dimensão são as que utilizam mais o arrendamento. Cerca de 32,7%dos alojamentos são ocupados por famílias de duas pessoas (o que vai de encontro ao aumento do número de famílias monoparentais).
Através da análise dos dados disponíveis no INE, e através da conjuntura actual do país, entende-se que arrendar casa é, cada vez mais, uma opção viável para os portugueses. E, uma vez que, as instituições financeiras são mais criteriosas na concessão de crédito, muitas famílias portuguesas vêem que o arrendamento é uma solução viável na hora de escolher casa.
As dificuldades pelas quais o mercado de trabalho tem passado também contribuem para esta situação.
Como consequência destas mudanças no panorama nacional, a procura pelo arrendamento está a crescer repentinamente.
E, desta forma, o futuro do mercado imobiliário irá passar pela reabilitação urbana e pelo arrendamento.
24 de Abril de 2014
____________________________________________________________________________
Número de contas “low cost” triplica em apenas um ano
Os Serviços Mínimos Bancários (SMB) foram criados em 2000, mas só agora começam a ser mais visíveis os efeitos práticos da medida que visa promover a inclusão no sistema bancário dos consumidores em situação financeira mais estável.
Estes serviços mínimos contam com a abertura e manutenção de uma conta de depósito à ordem e a disponibilização de um cartão de débito para as movimentações de conta. É também permitido o acesso à conta através de caixas automáticas, serviços de homebanking e balcões da instituição de crédito. Assim como, a realização de depósitos, levantamentos, pagamentos de bens e serviços, débitos directos e transferências interbancárias nacionais.
As instituições de crédito que disponibilizam serviços mínimos bancários não podem cobrar por qualquer serviço, comissão, despesa, ou outro encargo, que no seu conjunto e anualmente, ultrapasse 1% do salário mínimo nacional.
Estes serviços têm como objectivo facilitar o acesso a um conjunto de serviços bancários analisados como essenciais. O regime foi alterado em 2012, passando a ser possível, converter uma conta à ordem numa conta de SMB.
Após a atribuição de competências de supervisão comportamental, o Banco de Portugal passou a solicitar a referência sobre o número de contas de SMB, em base anual.
E segundo o Banco de Portugal, a supervisão comportamental comporta:
“(…) estabelecer regras de conduta das instituições de crédito, das sociedades financeiras e das instituições de pagamento que assegurem a transparência de informação nas fases contratuais e pré-contratuais, nomeadamente no domínio da publicidade, e a equidade nas transacções de produtos e serviços financeiros entre as entidades supervisionadas e os seus clientes. Consagra igualmente o direito de os clientes apresentarem directamente reclamações [ao supervisor]. (…) ”
Serve para definir as obrigações a cumprir, e os seus reguladores-supervisores têm a capacidade de regulamentar, fiscalizar e recomendar segundo as suas competências.
Pelo Banco de Portugal, a supervisão comportamental:
“ (…) actua sobre o lado da oferta, para que as instituições reúnam elevadas competências no exercício das suas actividades e que, no relacionamento com os seus clientes, respeitem princípios de transparência, diligência, respeito, honestidade e integridade. Actua também do lado da procura, ao desenvolver actividades que visam aumentar os níveis de informação e formação financeira (…) ”
De uma forma geral, a supervisão comportamental é o contacto directo nas relações entre o prestador de serviços e o consumidor final.
Segundo dados do Banco de Portugal, no final do ano transacto, existiam um total de 9646 contas bancárias no âmbito dos SMB, o que representa quase o triplo face ao número de contas “low cost” apuradas no final de 2012. Estes valores apresentam também um forte contraste face ao número de contas de anos anteriores, que pouco ultrapassa as mil.
3 de Abril de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário